terça-feira, 13 de março de 2012

Extremo



Iniciei 2011, ansiosa com a chegada da minha primeira netinha. Correrias, preocupações e preparações. Eu, feliz da vida, no dia 12 de março, segui para São Paulo conhecer minha “queridinha”.
Ao mesmo tempo em que comecei a acompanhar os progressos da evolução humana da minha neta, minha mãe começou a apresentar sintomas de regressos.
Enquanto, em uma os dentes cresciam, na outra eram retirados. Sarinha aprendeu a sentar, e Jacy parou de andar. Os primeiros sons da Sarinha misturaram-se com os últimos da Jacy.
Passei o resto do ano convivendo com o extremo da vida. Mesmo vibrando com a chegada de uma nova vida, sofria com a proximidade da morte.
Jacy adquiriu uma doença degenerativa raríssima, que interrompeu sua trajetória de vida, aos 82 anos. Em cinco meses, acompanhei de perto a paralisação de um cérebro, e o desenvolvimento de outro.
Minha mãe sempre foi o pilar da família. Com muito amor, mandou em tudo e em todos. Toda vez que tentávamos discordar, éramos vencidos. Conhecida como Vovó Hulk, pela molecada, era uma mulher de fibra, coragem e ambições. Ver esta grande mulher, tão determinada, deitada, sem saber quem era, olhando para o além, foi muito difícil.
Engatinhando, embaixo da cama hospitalar estava Sarinha. Cheia de energia, cérebro zerado, pronta para aprender a viver. Ambas de fraldas, pomadas para assadura, refeições pastosa, balbuciando alguns sons, banhos no quarto, carrinho de passeio e cadeira de rodas.
A alegria de me transformar em avó, foi fundamental para suportar a dor de perder a mulher mais importante da minha vida. Um mês antes do primeiro aniversário da Sarinha, Vovó Hulk nos deixou. 
Não sei se foi destino ou coincidência, só sei que, a alegria por uma, foi crucial para suportar a tristeza pela outra!